Premiado como Melhor Espetáculo do Prêmio Braskem de Teatro 2019, no qual recebeu cinco indicações e também levou o troféu de Categoria Especial pelo figurino e adereços de Luiz Santana, “Vermelho Melodrama”, com muito gosto, mergulha no gênero do melodrama e, a partir de suas típicas construções, aciona questionamentos sobre as ficções de nossa atual realidade. Baseada em texto do dramaturgo Gildon Oliveira, com direção e adaptação do diretor teatral, realizador audiovisual e coreógrafo Jorge Alencar, a peça, estreada em julho de 2019, reúne no elenco Eduardo Gomes, Fábio Osório Monteiro, Lia Lordelo, Neto Machado e Véu Pessoa.
O texto original, “Vermelho rubro amoroso… profundo, insistente e definitivo!”, é como uma ode ao melodrama por detalhar meticulosamente a sua arquitetura. Gênero dramático surgido no teatro francês no final do século XVIII que se caracteriza principalmente pelo acesso direto à sentimentalidade do espectador, o melodrama, desde seu nascedouro, teve grande apelo popular ao mesclar dramaturgia, música, pantomima, narrativas corporais, vaudeville e comédia ligeira. Largamente expandido na cultura brasileira, costuma ser associado a um entretenimento superficial. Aqui, a abordagem de suas estruturas e técnicas serve para entendê-lo e evidenciá-lo como fenômeno atual, que nos atravessa na rotina.
A encenação de “Vermelho Melodrama” coloca a dramaturgia do baiano Gildon em diálogo com uma série de outros autores, como Clarice Lispector, Angela Davis, Linn da Quebrada e Georges Didi-Huberman, levantando assuntos como a emoção na contemporaneidade e o direito ao afeto. O espetáculo ainda traça paralelos com os atuais acontecimentos políticos do Brasil, que mais parecem ficção melodramática com seus personagens arquetípicos, grandes revelações, reviravoltas. Amor e ódio em polaridade.
A história central, inspirada no famoso “crime do ketchup”, ocorrido no interior da Bahia em 2011, gira em torno dos órfãos Lúcio Mauro, Carlos Manuel e Lurdes Maria, que foram criados como irmãos. Segredos inconfessos, triângulos amorosos e paixões inflamadas têm como motor dramatúrgico uma carta que não foi entregue ao seu destinatário, guardando uma revelação que pode mudar o destino de todos. Numa dinâmica entre real e simulacro, as emoções são amplificadas e colocam sentimentos à frente de um pensamento exclusivamente racionalista.
A trilha sonora e direção musical são do compositor baiano Luciano Salvador Bahia, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2018 na Categoria Especial, pelo conjunto das direções musicais realizadas. Quem assina as canções é o músico e cantor curitibano Leo Fressato, autor da música “Oração”, tocada pel’A Banda Mais Bonita da Cidade, com mais de 38 milhões de visualizações no YouTube e 28 milhões de execuções no Spotify.
“Vermelho Melodrama” é uma montagem resultante de projeto contemplado pelo Edital Setorial de Teatro, tendo apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.
SINOPSE
Um melodrama sobre uma carta que não foi entregue. A história de três órfãos que foram criados como irmãos e cujas vidas foram atravessadas por amores inconfessos, segredos do passado e grandes reviravoltas. Em meio a tempestades de emoções, algumas perguntas vêm à tona: você acredita no destino? Onde reside a potência de uma carta nesta era digital? Como ativar emoções revolucionárias? Até quando vai o melodrama da vida política de nosso país? “Vermelho Melodrama”. Como cor de esmalte. Como transbordamento.
VERMELHO MELODRAMA
Peça teatral baseada na obra de Gildon Oliveira: “Vermelho rubro amoroso… profundo, insistente e definitivo!”
Direção e adaptação: Jorge Alencar
Criação e elenco: Eduardo Gomes, Fábio Osório Monteiro, Lia Lordelo, Neto Machado e Véu Pessoa
Canções: Leo Fressato
Trilha sonora original e direção musical: Luciano Salvador Bahia
Direção de arte e identidade visual: Tanto – Criações Compartilhadas (Daniel Sabóia, Fábio Steque e Patrícia Almeida)
Figurino e adereços: Luiz Santana
Assistência de direção: Larissa Lacerda e Marina Martinelli
Luz: Larissa Lacerda
Colaboração artística: Ellen Mello e Jacyan Castilho
Supervisão vocal: Manuela Rodrigues
Operação de som e assistência de luz: Felipe Viguini
Operação de som: Larissa Lacerda e Mariana Passos
Técnico de som: Igor Pimenta
Oficina de Melodrama: Paulo Merísio
Direção de produção: Ellen Mello
Equipe de produção: Marina Martinelli, Natália Valério, Priscila Santos, Marília Pereira e Fábio Osório Monteiro
Financeiro: Marília Pereira e Priscila Santos
Comunicação: Marcatexto
Classificação indicativa: 16 anos
Produção: Dimenti Produções Culturais